segunda-feira, 6 de junho de 2011

Quem não se lembra daquele cheiro de álcool impregnado nas folhas de sulfite?


Para estrear minha coluna no RHCALLCENTER.com.br, site do grande amigo Rogério Domingos, decidi fazer uma breve comparação entre minha infância e as crianças de hoje em dia. Ao contrário do que pode parecer, este texto não foi escrito com intuito de discriminar a evolução tecnológica e sim para enaltecer o relacionamento humano.


Aos 10 anos, ao sair de casa a pé para ir à escola (isso mesmo, à pé), só tinha horário para sair, pois não poderia chegar atrasado senão o portão se fecharia e perderia aquele dia de aula.

Na escola, muitas vezes tínhamos que ajudar os professores a passar as provas ou até mesmo trabalhos de casa no mimeógrafo, que digamos, era a maquina de Xerox da época. Quem não se lembra daquele cheiro de álcool impregnado nas folhas de sulfite?

Os professores eram respeitadíssimos, tanto pelos alunos como pelos pais dos alunos, que confiavam a eles a educação de seu filho, diferentemente de hoje, onde um professor tem que responder na justiça por ter falado de forma mais áspera ou até mesmo aplicado alguma correção a algum aluno. Tem professor até exigindo adicional por insalubridade para trabalhar.

Após o término do período de aula, ia para casa almoçar, geralmente a comida que minha mãe já deixava pronta antes de ir trabalhar, o que a fazia acordar muito antes do sol nascer.

Às vezes recebia uma ligação dela na casa de algum vizinho pra confirmar que tinha mesmo almoçado e que desliguei o fogão, pois na época poucas pessoas tinham em casa tanto telefone quanto microondas.

Terminado o almoço, ia ao dever de casa e logo após, saía para brincar na rua, o que consumia todo o resto do dia e começo da noite.

Era impressionante que mesmo sem celular, GPS, câmeras de segurança, etc., a minha mãe sabia exatamente onde eu estava e sempre que chegava do trabalho mandava me chamar para tomar banho e jantar (onde geralmente se desligava a televisão) e depois disso ia pra rua de novo.

Tinha muitos melhores amigos, como todas as crianças da época, e compartilhava de suas companhias diariamente para conversar, brincar e até mesmo brigar, brigas essas que se resolviam ali mesmo, 5 minutos depois.

Brinquedos eletrônicos já existiam, como o bom e velho ATARI, com seus clássicos Pac Man, Enduro, River Raid, mas jamais trocaríamos o pega-pega, a queimada, o vôlei, a corda e o beijo-abraço-aperto de mão por um jogo de vídeo game.

As pesquisas escolares eram feitas na biblioteca e eram escritas à mão, muito diferente do CTRL +C / CTRL + V no nosso querido Google e na quarta série, todas as crianças já sabiam escrever, ler e fazer contas (peça pra uma criança da quarta série hoje escrever uma redação ou fazer uma conta com fração).

Era muito incomum ver uma criança falando alto com seus pais ou dando verdadeiros escândalos em shoppings ou mercados porque se recusaram a atender a algum tipo de capricho da criança, e se acontecesse, os pais não atenderiam mesmo assim, pois quem mandava na casa eram eles e não as crianças.

Nas reuniões de família ou em excursões ao Playcenter ou ao zoológico, tirávamos algumas 10 ou 12 fotos, e ao revelar o filme, algumas semanas depois, víamos que alguém saiu com os olhos fechados, ou a câmera tremeu, ou alguém tinha ficado com a cabeça cortada, mas já era tarde, pois não dava pra tirar outra, só nos restava tirar sarro de quem foi prejudicado na foto.

Os tempos mudaram, as tecnologias avançaram, as pessoas se fecharam em seu mundinho e hoje o mais próximo que as crianças chegam de seus amiguinhos, fora da escola, é através da WebCam ou por qualquer site de relacionamento.

Os índices de criminalidade aumentaram muito, o que torna compreensível que os pais tranquem os filhos dentro de casa, mas é preciso ter o discernimento de que esse isolamento está prejudicando o futuro da criança. Cabe aos pais hoje controlarem e dosarem o uso de equipamentos eletrônicos e de relacionamentos interpessoais.

Boa Leitura

2 comentários:

  1. Muito bom texto, focado no comportamento infanto-juvenil onde sedimentamos nosso caráter, acrescento mais um detalhe para ser repensado, hoje vivemos a era do fast, delivery e alta velocidade e mesmo assim não encontramos tempo para conviver com amigos e familiares. Onde está o conceito de ganhamos tempo? Ou será, que infelizmente, estamos escravizados a ponto de não saber administrar o tempo que ganha-se nesse mundo virtual e real do cada vez mais rápido? Parabéns e sucesso. Ademar Barreto Junior

    ResponderExcluir
  2. Show, como dá saudades dessa época, que coisas tão simples tinham tanto valor, será que estamos mesmo evoluindo ou nos tornando novamente homens da caverna, do que adianta tanta tecnologia se temos medo de falar com outros, de que vale tantos apetrexos se não conseguimos nos relacionar com ninguem imagine então confiar nas pessoas, tb sou muito a favor da tecnologia, mas mais ainda do contato humano, das coisas simples que se tornam grandes tesouros na vida.

    ResponderExcluir